O
que é um Coletivo Cultural?
Bem,
vamos começar pelo maldito academicismo, podemos definir Coletivo Cultural como
um agrupamento de pessoas que visa à captação de recursos públicos e/ou
privados para financiamento de atividades diversas relacionadas à cultura livre.
No Brasil, os coletivos se desenvolveram muito bem dentro dos movimentos
sociais ligados a cultura popular e cena punk. Estabelecendo um sistema de
gestão próprio, com fortes ligações ao chamado “faça você mesmo”. A prova disso
é que cada coletivo é adequado ao lugar/cena em que atua, tendo suas próprias
características de gerir eventos.
A
Pré-história dos Coletivos em Palmeira
Graças
ao Facebook, toda a ação de quem organiza eventos ganha uma notoriedade enorme.
Mas é bom lembrar que tais ações não são de agora, há um certo tempo, isso já
vem acontecendo na cidade. Em meados do ano 2000, já tínhamos a lendária banda
Escarcéu que organizou o famoso evento no São Bernardo Hotel (primeiro show de
rock da minha vida) e o Trio Ameba, um projeto com Darlan Petterson (Joãozinho
Podre) e Kleber Diamond Fate. Só que existia um pequeno impasse: as bandas se
juntavam unicamente para fazer um único evento e depois tudo voltava ao
marasmo. Em meados de 2003, as bandas Aliba, Imprensa Anônima e Asfixia (atual
Scüma) também organizaram um show no antigo CEFET (atual IFAL) e novamente,
após o evento, tudo caia na escuridão.
Neste
período, tínhamos um grande problema: quem ia dar valor a eventos organizados
por moleques sujos do demoníaco universo roquenrol? A coisa prosseguiu por
outros eventos, como Desconcerto Musical, e até eventos mais recentes como o Festival
de Música Independente. Shows fabulosos e ferventes, mas depois, as camisas
pretas passavam meses sem serem usadas...
Como surgiu o Escarcéu?
A idéia do Escarcéu
surgiu para o Grito do Rock 2012, Uma homenagem a mais banda antiga e simbólica
em nossas mentes. Foi-se o grito e partimos para a I Mostra Palmeirense de Arte
Livre. Eis que na Mostra, surge uma parceria com o cineasta Ailton Junior e a
coisa fluiu como deveria em uma linda noite perturbando a paz na casa do Mestre
Graça. Desde o Desconcerto Musical, já tínhamos contato com nosso índio
honorário Cosme Rogério. Alexandre Índio sempre esteve junto de nós na correria
de eventos. Algumas pessoas tiveram de se ausentar por motivos pessoais (trabalho,
esposa e filhos). Tínhamos Rafaela Meres, Tiago Anonimo e Felipe Verlaine (Imprensa Anônima). Com o tempo, outras cabeças foram aparecendo como o Ivan Barros e Wellington
(A Arca), Thiago Lima e Pancho Belo (Ariel/Kaliban), Hosato Neto (Agressive
Corp), Ricardo Silva, Douglas Adelfo (Scüma) e vários outros nomes que mereço
um murro por não citar aqui. Em resumo, todo mundo começou a se unir em prol de
um único objetivo: manter um calendário de eventos na cidade. Se antes tínhamos
a desculpa que não tínhamos dinheiro e contatos para realizar eventos, agora,
todo mundo está trabalhando (comendo o pão que o diabo amassou e cuspiu) e cheio
de contatos para tentar agilizar as coisas pela cidade.
A Estrutura
A citação
de nomes aí em cima, não é para dar crédito a ninguém. Tudo isso é para que
todos percebam algo singelo: não existe um grupo fechado intitulado “Coletivo Escarcéu”.
Os eventos são organizados de maneira bem simples: se algum amigo tem a ideia de
fazer um evento (música, cinema, teatro, artes plásticas, poesia, dança, etc),
todo mundo se junta e vai atrás de seus contatos para conseguir realizar o
evento juntos.
Então,
alguém que se envolve na organização de um evento, pode não ter tempo de
participar de outro e voltar a participar num terceiro evento. A última coisa
que pretendemos é a criação de alguma “elite organizadora”. A cultura é livre,
então quem se sentir interessado, também é livre parar entrar no barco e se
juntar as correrias.
Simples! Supondo que em Palmeira
aconteçam 10 eventos com o nome do Coletivo Escarcéu na organização, isso ecoa
de uma maneira fabulosa na rede e no boca a boca. Com este fato, o Coletivo
ganha nome e espaço na cena, resultando em artistas que procuram o pólo
Palmeira dos Índios para apresentarem seus trabalhos e produtores culturais de
outras cidades nos procuram para sondar os artistas que estão se apresentando
pela cidade, como é o caso da banda Scüma que já fez alguns shows em Maceió e a
Ariel/Kaliban que tocará em Batalha dia 30/11. Resumidamente, fazemos nossos
shows e mostras, daí chega um cara de outro estado “Olá! Vi que vcs estão
fazendo eventos em Palmeira. Eu tenho uma banda e queria tocar aí? Como faz?”
ou “Sou produtor de eventos na cidade X, que bandas estão rolando aí em
Palmeira? Indiquem algo para tocar aqui...” e assim, a coisa vai crescendo...
Quero
uma banda ou evento, o que se há de fazer?
Você pode simplesmente postar no grupo de coletivo, uma banda que você queira
trazer para Palmeira ou evento que queira realizar. Veremos com nossos contatos
o que pode ser feito e te daremos todo suporte que pudermos. Afinal, a intenção
é única: Palmeira precisa ser uma cidade movimentada. Se a cidade se tornou um
pólo universitário, então a cultura precisa transitar incessantemente. Tenha idéias,
sejam autônomos! Organizem seus próprios eventos e difundam suas idéias para
melhoria do que fazemos, esta é a melhor forma de crescer. O grupo no facebook
foi criado justamente para isso.
Da
mesma forma que se oferece ajuda, também se pede. Quem souber de evento e se
sentir interessado em participar da organização, pedimos que por favor se
manifeste e entre em contato! Precisamos, por exemplo, de alguém para cuidar de
nosso bloguinho (fazer entrevistas com nossas bandas e cobrir eventos alternativos
na cidade), também precisamos de alguém para assumir uma facção de “cultura popular”
dentro do coletivo ou até mesmo criar um outro coletivo voltado para eventos
mais regionais, trazendo assim, culturas de fora do universo rockeiro para a
cidade. Mas e aí? Quem se candidata? Ainda somos poucos e temos muitas
limitações. Toda a ajuda é mais que bem vinda e não podemos depender de nossos
governantes para que isso se realize. Somente juntos mudaremos nossa fatídica
rotina... Cuiiiiiidaaa!!
Eu me habilito...(mas) infelizmente ainda não tenho tempo suficiente para tornar a arte uma prioridade na minha vida e no coletivo. Mas me proponho a ter esse tempo. Parabéns aos agrupados!! Abraço.
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