27 de setembro de 2012

Arcos, Flexas e Guitarras. O Roque dos Índios Ataca Novamente!


     Mais um sábado aparentemente calmo sob um enorme cemitério indígena apelidado de Princesa do Sertão. A data era tão importante que as divindades enviaram meteoritos e almas sebosas para um rockinho maldito na Boate Aquarius, o CBGB do agreste. Logo na porta, confirmei o que era quase certeza, o tão especulado volume de 400 camisas pretas era irreal. Quer o público verdadeiro de um evento? Pegue os participantes confirmados do facebook e divida por dois.

Como Mattüs não tinha chegado, falar sobre a primeira banda ficou a cargo de Ivan...

Os primeiros acordes estridentes da noite foram dados pela banda Laments of Violet. A estreante conseguiu levantar o público palmeirense com seus cantos guturais, fazendo covers de bandas renomadas do new metal. Com guitarras bastante distorcidas e um ritmo frenético, resultando num estrondoso peso melódico, os rapazes desempenharam bem o seu papel de abrir o show e surpreenderam a quem cedo chegou.


Erivaldo chega, e atrasado, rouba a palavra!

Dois contos na bilheteria, meu quilo de fubá nas mãos do segurança e já Elvis! Estava adentrando ao melhor lugar para se ir neste fatídico sábado. A Agressive Corp estava montando os instrumentos e, assim que começaram a primeira canção, teve início um inferninho de pancadaria fraterna entre o público. O pogo se seguiu por todas as músicas. Os shows em Palmeira dos índios são alimentados pela “seca” de eventos. E quando uma banda de hardcore se apresenta, o público tem meses de energia acumulada para exorcizar. As músicas tinham ritmo frenético, transitando por covers do Matanza, Mukeka di Rato, Raimundos, etc. Eis o único item que me deixou descontente na apresentação. Covers são legais para emocionar o público com hits guardados na memória dos expectadores, mas não dão identidade alguma a banda. Nenhuma preocupação nisso, afinal, o grupo vai se desenvolvendo em novas apresentações, e assim, irão surgir suas crias musicais malditas. Ansioso pra ver o que sai nesta nova maldição Palmeirense intitulada Agressive Corp.


             Em seguida, todo mundo mostrando pra que tinham cabelos (ou não), é hora de bater cabeça com o Ariel/Kaliban. A banda mostrou que tem um público fiel e massacram os fãs com gritos estridentes, adicionados a passagens folks, com guitarras soltando marretadas do mais puro heavy/prog/folk metal. Sei que estou errado em criar rótulos, pois o som não se parece com nada que eu tenha ouvido até então, a originalidade mostrou as garras e retalhou todos os headbangers presentes, juntamente, com as garotinhas do rock que pareciam ir ao delírio com as letras e performances do grupo. Uma bateria possessa, agudos ensurdecedores, guitarras massacrantes, baixo marcante e uma flauta hipnótica, a Ariel/Kaliban mostrou que não deixa nada a dever nos assuntos metálicos. Em destaque de influência, os expectadores foram ao delírio com covers do AC/DC e Iron Maiden.
               


Ivan não pode falar da própria banda, Mattüs prossegue descaradamente...

Hora da descontração, enquanto o grupo “A Arca” se preparava para tocar. Coca cola na mão, cigarro na outra e percebo que algo bem diferente iria acontecer. Trombone e Udu (percussão) no palco? Isso pra mim é coisa nova! E, realmente, era. De uns tempos pra cá, ando buscando bandas que possuam uma certa “versatilidade” sonora, e os moços conseguiram juntar um som pacato de se ouvir, com alguns instrumentos peculiares ao roquenrol tradicional. O grupo deu uma certa demora para se organizar, não sei se por culpa dos técnicos de som ou dos músicos, a banda causou um período de silêncio, última coisa que pode acontecer num show que envolva o maligno roquenrol. Cada minuto de espera valeu a pena, ótimos músicos mostrando suas empreitadas no universo sonoro. O produto final é um rock alternativo com pitadas de regionalismos. Um som envolvente que fez as donzelas balançarem suas madeixas e os marmanjos refletirem sobre suas frágeis existências. Algo novo e agradável para ouvidos decepcionados com a mesmice.


           
Ivan desaprova a bajulação, atira em Mattüs e salva a palavra!

Para encerrar a noite, a antológica banda palmeirense Haldeia, uma das mais antigas em atividade na cidade dos índios, conseguiu executar um bom repertório que ia dos ingleses do Coldplay até Luiz Gonzaga. E o ponto mor de sua apresentação se deu quando se fez versões da galera de Pernambuco, como “Manguetown”, de Chico Science e “Quando a Maré Encher”, da Nação Zumbi. Os que esperaram até o final, dançavam como loucos carangueijos, no compasso ritmado das alfaias. Show massa!



                   Ass.: E. Mattüs & Ivan Barros
     Fotos: Estilo Fest, Ricardo Silva e Aílton da Costa

Um comentário:

  1. É isso ae galera! A cambada da Agressive Corp. agradece a galera do Coletivo Escarcéu ae pela construtividade das palavras. Nossa banda está no início mesmo, temos muito pouco tempo de estrada, foi o nosso primeiro evento, daí vem o lance dos covers. De imediato convidamos a galera do Coletivo Escarcéu pra apreciar o evento que vai rolar em Arapiraca, o intitulado"Bandas de garagem". Pra quem tem alguma dúvida tá rolando no facebook a página do evento. Lá, sem dúvida alguma, vai rolar altas composições próprias. Contudo, renovo aqui o meu agradecimento e de todo mundo que participou desse evento que foi o bixo. Valeu galera!

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