13 de julho de 2012

ENTREVISTA COM A BANDA ARIEL/KALIBAN

O Ariel/Kaliban é uma das bandas mais interessantes de Palmeira dos Índios, com um som peculiar que mescla o lirismo das letras com um som pesado e denso, digno de qualquer amante de heavy metal e literatura ultraromantica. E nada melhor para comemorar o dia do rock  uma entrevista com Pancho, vocalista da banda.




                                                                                                                            Por Felipe Verlaine

1. Em primeiro lugar queria parabenizar a banda por estar ainda na ativa e pelo som super joia! A primeira pergunta provavelmente pode ser meio que esperada ou normal para vocês. Qual a origem do nome da banda? E o que ele representa pra banda?

O nome foi cogitado por mim há uns cinco anos atrás devido a minha influência com Alvares de Azevedo. As faces Ariel e Caliban são apresentadas pelo poeta em sua obra Lira dos 20 Anos, na qual Alvares a divide em três partes: a primeira como "Ariel", a segunda como "Caliban" e a terceira sua poesia retorna como "Ariel". Os escritos das faces Ariel são ingênuos e romanticamente idealizados, enquanto que na face Caliban Azevedo apresenta-se sarcástico, descrente com relação ao amor e tipicamente ultrarromantico - aproximando-se da morte como meio de salvação do amor que ele pensava ter existido enquanto Ariel e que descobriu não existir enquanto Caliban. A representação desses duas faces para a banda Ariel/Kaliban se dará como a dicotomia existente no ser humano, o seu jogo de antíteses em possuir a escolha dos dois caminhos possíveis na vida: o bem e o mal. Isso se reflete também nas letras e na harmonia musical, na qual haverão músicas cujo tema será mais reflexivo (tocada em baladas), como em Descanso, e outras que mostrarão um mundo sombrio transformado pela própria humanidade onde a batida da musica será mais agressiva, como em Castelo de Drácula.


2. Pelo que ouvi das músicas, posso estar equivocado, mas senti uma certa influência do Ultraromantismo nas letras. Quais são as influências para escrever as letras e suas respectivas temáticas?


A maioria das letras são ou foram modificadas por mim, mas a musicalidade é da banda como um todo, um conjunto. A maioria dos rabiscos das músicas que tocamos hoje foram feitas por mim e por Ninnenberg (guitarra) quando fazíamos sétima série e adiante. A maturidade (claro) nos fez corrigir muita coisa que tínhamos criado naqueles tempos. Como foram feitas na adolescência (e as letras eram feitas por mim - e eu tinha como admirador o poeta Alvares de Azevedo) as letras tinham influencia direta do Ultrarromantismo. Com o passar do tempo a profundidade noutras leituras ampliou o leque de influencias e temáticas: escrevo sobre guerras (influencia musical de bandas de folk metal) de um ponto de vista reflexivo (e se eu fosse aquele soldado que tinha duas filhas e que queria voltar para casa para vê-las crescer?), sobre o amor (Amor ao Som da Lira/Para Sempre/Imortal), a solidão (Descanso), sobre o homem como o ente social que destrói/constrói (Homens)... e por ai vai. No final, tudo o que se vive, o que se leu, que se ouviu acaba virando inspiração para se compor uma música.

3. O Ariel/Karliban está com outra formação pela última apresentação que assisti. Conte-nos um pouco sobre como a banda se formou até chegar a atual formação.

Nós estamos com essa formação ja faz um tempo, talvez quase um ano ou um ano e pouco, o tempo que voltamos com gás para ensaiar. Antes havia outra banda chamada Carma, há muito tempo atrás, que era de punk rock formada pelo Ninnen, o Thiago (baixo atual), o Erivaldo (baixo antigo) e outros amigos deles. Eu ja era bem amigo do Ninnen nesse tempo e cantava ruim que era uma beleza, o que nunca me travou de cantar. Teve um dia que o pessoal formou outra banda e me chamou pra cantar, acho que a média da faixa etária da gente nesse tempo era de 15 anos, e pensando no "Carma" da antiga banda deles, eu escrevi a música "Karma". Aí já estávamos comigo (vocal), o Ninnen (guitarra), o Thiago (guitarra) e o Erivaldo (baixo), a galera chamou o Jackson que tocava bateria em casa, numas panelas e baldes - e tocava PRA CARALEO! - e formamos uma banda que depois passaria a se chamar Ariel/Kaliban. Nos apresentamos algumas vezes em Palmeira nas edições do Desconcerto Musical, FMI e Ariel/Kaliban Festival e outra em Uniao dos Palmares com a galera do Escrúpulo Douda. Eu passei um ano e meio em Brasília e me afastei da banda, mas a galera tocou o barco sem mim e com nova formação: o Erivaldo passou a cantar e o Alex assumiu o baixo. Ainda fizeram algumas apresentações assim. Eu voltei e assumi o vocal de novo e a banda pretendia colocar um teclado para alterar a harmonia - o Erivaldo assumiu isso. E então gravamos o primeiro EP da Ariel. O baterista passou a ter um problema nos dois joelhos e deixou de tocar bateria para se tratar - foi onde chamamos o Drummerboy (vulgo Wesley), o mais novo da banda e o cara toca demais. Adotamos ele e pouco tempo depois Erivaldo deixou a Ariel por questões pessoais, nada de brigas ou discussões, coisas dele - e o Alex também saiu. Então ficamos eu, o Ninnen, o Thiago e o Drummer. Ainda chamamos o Murilo para tocar guitarra conosco, outro bom músico, ainda passamos a ensaiar algumas vezes, finalizamos Imortal juntos e gostamos muito da música, mas depois de um tempo o Murilo também saiu. Pensamos em como cobrir o vazio deixado pela falta da segunda guitarra e chegamos na atual harmonia. A ausência da segunda guitarra era somente a falta de costume e um treino a mais por parte da banda... questão de adaptação ao que nós tínhamos em mãos e o que era possível ser feito. Daí então ficamos como estamos hoje: Eu no vocal, Ninnen desenrolando base e solo de guitarra, Thiago na base com o baixo e o Drummer na batera.


4. O que vocês acham das bandas de Palmeira dos Índios? Como vocês veêm a cena local?

A cena musical em Palmeira já foi bem melhor. Hoje são poucos daqueles que tocavam antes que ainda mantém o rock funcionando. O que eu gosto das bandas de Palmeira é que nenhuma tenta ser igual a outra em estilo e se bem me lembro todas têm um trabalho autoral - que aquilo que diferencia uma banda da outra. Podemos ter varias bandas cover de rock n' roll na cidade, mas nenhuma será igual ao Aliba - pelo seu trabalho autoral - e assim vai para o Asfixia, Imprensa Anonima, Haldeia... A galera toca o que gosta e cria com base naquilo que gosta. O que falta para o cenário de rock em Palmeira crescer é que quando houver o evento (que a galera que promove rala pra caraleo pra fazer um evento as vezes até UM NUM ANO) não ter nenhum rockeirinho nojento com prejulgamento de QUALQUER QUE SEJA A BANDA. A galera precisa aprender a ouvir aquilo que é apresentado, se gostar ou não por causa do tipo de musica é outra coisa, e também precisa sair de casa e ir até o evento e entrar no show, ou seja, pagar o ingresso. A galera de Palmeira que tenta criar/manter a cena nunca lucrou com nada dos eventos que houve, até levou prejuizo, mas nunca deixou de ir tocar ou se organizar por conta disso. Se a galera passar a ouvir as bandas, os trabalhos autorais e os covers, curtindo o evento como um todo, o rock em Palmeira passará a ter valor e a cena terá de tudo para se tornar grande.

5. A apresentação de vocês na Noite dos Malditos II foi incrível (saiu até uma foto da banda na reportagem que a Gazeta de Alagoas fez sobre o evento =D). Qual foi a impressão da banda sobre essa apresentação?

Nós só temos a agradecer (a vocês, ao pessoal da Popfuzz e a galera presente)! A gente estava sem nos apresentar fazia um bom tempo, embora viessemos ensaiando há outro bom tempo. O que a gente podia fazer era evitar a catástrofe. O som estava bom (valeu Rey!), a galera nos compreendeu, os ouvintes participaram, aplaudiram! Saimos muito felizes 2hr da manhã do sábado para pegar a estrada morrendo de sono e enfrentar quase duas horas de viagem!



      


 6. Vocês estão com um EP gravado chamado Karma. O que tem de diferente no Ariel/Kaliban deste trabalho para o Ariel/Kaliban de hoje?

Nós eramos mais novos quando gravamos o KARMA, e se hoje ainda falta muito para a nossa música, quem nos dera antes! As levadas das músicas como um todo, das três que tem no EP, e algumas frases vocais foram repensadas. Passamos a nos tornar mais agressivos, até pelas influencias do Drummer, é bom ter um cara que acompanha aquilo que a gente pensa em fazer - tentamos puxar mais para o Metal mesmo, acelerando a batida. Eram poucos os que tinham noções teóricas de musica. A gente criava pelo feeling mesmo. Estamos mais maduros musicalmente falando, o que ajuda no processo de construção de uma música. A voz está se encaixando melhor com a guitarra, que está com o baixo, a bateria, etc. É questão de se levar a sério conhecendo como a música (teoria musical) funciona.

7. Como é o processo de composição da banda
?

Geralmente vem alguém com um riff novo e apresenta a todos. Quando não é assim, temos uma letra pronta e criamos a música em cima da letra. Quando não, como ja foram feitas algumas vezes, a gente ta junto na casa de algum integrante da banda, dá uns acordes, sai algo legal, criamos a base da música la mesmo, tanto os riffs quanto as letras. Depois é lapidar a música bruta.

8. Pra finalizar, gostaria que vocês falassem dos planos futuros da banda.

Nós continuamos ensaiando regularmente no HD Estúdio (Estúdio do Wellington), em frente a igreja dos Mormons aqui em Palmeira, que é um maestro daqui. O cara literalmente adotou a gente (e temos muito a agradecer a ajuda e ao incentivo que ele vem nos dando). Estamos gravando com ele as guias das músicas que não foram lançadas no KARMA. Provavelmente em um mês teremos de duas a quatro músicas novas para a divulgação. Depois disso, regravaremos as três do EP para atualizar as músicas. Posteriormente tentaremos algo por Palmeira, Arapiraca e Maceió - para divulgar nossas músicas e tentar manter a cena de rock - e a própria banda - viva (falo essas três que é por onde nós temos algum tipo de contato). A Ariel/Kaliban está em estúdio e com meio pé na estrada. Agora é tentar não ficar parado.Valeu galera do Coletivo Escarcéu pela entrevista e estamos aí para o que precisarem! Valeu!








Facebook : http://www.facebook.com/ArielKaliban 


2 comentários:

  1. gostei da banda, agora ae manos convoca ai a galera do rock pra um show na aquarius que tá precisando i muito...
    VIVA O ROCK!!!

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  2. Parabéns!!!. Vcs tem um carisma brilhante e merecem o sucesso que fazem... Gosto de cada um. E da "Banda em Especial" Amo o som de vcs! Beijos carinhosos de Gil Marques a "Myna Atrevida".Fica na Paz. VLW.

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